terça-feira, 2 de agosto de 2011 |
0
comentários
Acupuntura
Chinesa
A Acupuntura é uma parte importante do grande tesouro da Medicina Tradicional
Chinesa. Tem uma história que remonta há mais de dois mil
anos. Durante um tempo longo de prática, os médicos das diversas dinastias
chinesas desenvolveram e aperfeiçoaram esta especialidade, que abrange várias
teorias básicas, tais como o Yin e o Yang, os cinco Movimentos, os Zang-fu (órgãos e
vísceras), Qi-Xue (energia e sangue) assim como
vários métodos de manipulação de agulhas e experiências clínicas importantes do
tratamento segundo os sintomas e sinais, fazendo com que a Acupuntura seja uma
terapia muito eficaz na China.
Esta terapia
apresenta bons resultados diante de muitas enfermidades e possui vantagens
acentuadas sobre outras, os instrumentos utilizados são simples, económicos e
de fácil domínio, seguros e sem efeitos colaterais.
É por essa razão
que a Acupuntura tem um papel importante na área da saúde do Povo
Chinês, assim como, tem obtido o respeito e confiança de outros países. Em
Dezembro de 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS) da ONU tomou a decisão
de indicar o tratamento com a acupuntura
numa série de 43 doenças.
A palavra acupuntura
deriva do latim (acus) agulha e punctura (punção).
É um método terapêutico, que consiste na punção com pequenas e sólidas agulhas,
em pontos específicos do corpo para melhorar a saúde, diminuir a dor ou
modificar o estado geral do paciente.
No Ocidente a acupuntura já era conhecida pelos Portugueses por volta de
1650, no século XIX, cerca de 140 autores já haviam escrito sobre o assunto em
livros franceses e alemães, mas só em 1930 começou em França a sua utilização
concreta.
No período inicial
do tratamento pela Acupuntura, os antepassados chineses curavam as enfermidades com agulhas de pedra denominadas Bian, Chan e Zhen.
Na época
neolítica, além de agulhas de pedra artificialmente polidas, usavam-se também
agulhas polidas de osso e de bambu como instrumentos para a acupuntura. Mais tarde com o desenvolvimento do cozimento de
utensílios de barro, também foram utilizadas agulhas de barro, método utilizado
em algumas regiões da China até á atualidade.
Com o advento da
metalúrgica apareceram sucessivamente, agulhas de diferentes metais, por
exemplo, as agulhas de ferro, prata e de ligas metálicas, hoje em dia as
agulhas são se aço inoxidável muito finas e de fácil manejo. A metalúrgica não
só proporcionou a base do material para a fabricação de agulhas metálicas, como
proporcionou a possibilidade de fabricar instrumentos para a Acupuntura para diferentes usos. Á medida que foi aumentando
e acumulando experiências no tratamento acupuntural, foram surgindo novas
exigências no tocante ás formas de agulhas.
As “nove agulhas” da
antiguidade eram fabricadas em nove formas distintas,
segundo os diferentes usos, constituindo um símbolo do desenvolvimento das
técnicas e teoria da Acupuntura.
Em 1968, encontraram na tumba familiar de Liu Sheng e Jing de Zhongshan, da
dinastia Han do Oeste (sec. II a.C), nove agulhas para Acupuntura, quatro em ouro e cinco em prata, foi a primeira
vez que se descobriu agulhas de metal usadas nos tempos antigos.
As funções
terapêuticas da Acupuntura
resultam do estímulo de pontos especiais (pontos de
acupuntura) e canais de energia, os pontos de acupuntura podem causar certas
reações em outras regiões ou em algum órgão, de forma a obter resultados
medicinais. Segundo a teoria da Medicina Tradicional Chinesa, os pontos podem transmitir a função e as mudanças
dos órgãos do interior do corpo para a superfície e, ao mesmo tempo, comunicar
os fatores exógenos da superfície até ao interior.
No princípio os
pontos não possuíam locais determinados, nem nomes próprios, tão pouco eram os
pontos atualmente conhecidos. A descoberta dos pontos tem muito a ver com o
desenvolvimento do tratamento pela Acupuntura.
Pouco a pouco, a localização e a função de cada ponto foram sendo definidas.
Para facilitar a memorização das suas indicações, os pontos foram denominados
segundo as características da região anatómica onde se encontra e a sua função
em particular.
Por outro lado,
através de constantes práticas clínicas, constatou-se que uma
pessoa ao padecer de certa enfermidade, aparecem em determinadas áreas da pele
ou em alguns pontos que se encontram em regiões diferentes, fenómenos anormais,
tais como dor, distensão ou calor. Isto conduziu
ao conhecimento do princípio da relação entre os pontos e as enfermidades e,
por conseguinte, foi possível chegar ao diagnóstico por observação dos pontos
de Acupuntura.
Na antiguidade,
ao aplicarem o tratamento acupuntural, observou-se que sob determinado
estimulo, as sensações de dor, intumescimento, distensão e peso no paciente
estendia-se ao longo de uma determinada direção. Posteriormente notaram, que
determinados pontos que se encontravam em diferentes áreas do corpo tinham as
mesmas funções ou funções parecidas.
Sobre essa base
de conhecimento, agruparam-se os pontos com funções similares ou relações
intimas, chegando-se assim á “linha” e dela as concepções dos “canais e
colaterais”. Com base na manipulação das agulhas mais de 20 tipos de
combinações foram elaboradas e desenvolvidas e a ordenação de registos dos
canais de Acupuntura
e seus pontos assim como pontos extras foram
documentados pelos médicos famosos dessas épocas.
Do
estabelecimento da Dinastia Qing até á guerra do ópio (1644-1840) os doutores
de medicina consideraram a medicina herbária
como sendo superior á Acupuntura sendo esta durante muitas décadas negligenciada.
No século XVIII, Wu Qian e os seus
colaboradores por ordem imperial compilaram um livro exaustivo sobre Medicina
Chinesa, contendo um capitulo de acupuntura
com ilustrações, sendo imediatamente seguido de outro médico Li Xuechuán que enfatizava no seu livro
a selecção de pontos de Acupuntura
de acordo com a diferenciação de síndromes, sendo listados sistematicamente 361 pontos nos catorze canais de energia. Para além destes livros, havia muitas
publicações, mas sem grande expressão.
Em 1822, as
autoridades da Dinastia Qing declararam uma ordem para abolir permanentemente a
Acupuntura do departamento da Faculdade de Medicina Imperial
porque “A Acupunctura e a Moxibustão não
são satisfatórias para serem aplicadas ao Imperador”.
Após a guerra do
ópio em 1840, a China entrou em uma sociedade semifeudal e semicolonial. Com a
revolução de 1911 e o fim da dinastia Qing o governo pró-ocidente instituído
então, depreciou completamente a Medicina Tradicional Chinesa proibindo-a e tomando uma série de medidas para
restringir o seu desenvolvimento incluindo a acupuntura.
Devido á grande
necessidade de cuidados médicos do povo chinês, a acupuntura
dessiminou-se entre as pessoas do povo. Muitos acupuntores fizeram esforços
inflexíveis para proteger e desenvolver este grande legado médico, fundando
associações de Acupuntura editando livros e promovendo cursos por
correspondência para ensinar tal arte.
A Acupuntura ganhou nova vida assim como a Medicina Chinesa
quando em Outubro de 1944 o presidente Mão fez um discurso apelando a
reintegração da Medicina
Tradicional Chinesa na área da
saúde da nova China. Desde a fundação da Republica Popular da China, foi
acelerada a propagação da Acupuntura
e dos cuidados médicos tradicionais por todo país.
Nos anos 50 do
século XX, a China ajudou a antiga União Soviética e outros países da Europa Oriental
a formar acupuntores. Desde 1975 a pedido da Organização Mundial de Saúde,
foram criados cursos de formação de Acupuntura Internacional em Beijing,
Shangai e Nanjing para formar acupuntores de outros países. Mais de 120 países
enviaram aí profissionais, para se especializarem. Atualmente o intercâmbio de
organizações acadêmicas ocidentais com a associação médica chinesa é vasta e
alargada a muitos países.
Marcadores:
Medicina Chinesa
0 comentários:
Postar um comentário