Acupuntura




Acupuntura Chinesa



A Acupuntura é uma parte importante do grande tesouro da Medicina Tradicional Chinesa. Tem uma história que remonta há mais de dois mil anos. Durante um tempo longo de prática, os médicos das diversas dinastias chinesas desenvolveram e aperfeiçoaram esta especialidade, que abrange várias teorias básicas, tais como o Yin e o Yang, os cinco Movimentos, os Zang-fu (órgãos e vísceras), Qi-Xue (energia e sangue) assim como vários métodos de manipulação de agulhas e experiências clínicas importantes do tratamento segundo os sintomas e sinais, fazendo com que a Acupuntura seja uma terapia muito eficaz na China.



Esta terapia apresenta bons resultados diante de muitas enfermidades e possui vantagens acentuadas sobre outras, os instrumentos utilizados são simples, económicos e de fácil domínio, seguros e sem efeitos colaterais.



É por essa razão que a Acupuntura tem um papel importante na área da saúde do Povo Chinês, assim como, tem obtido o respeito e confiança de outros países. Em Dezembro de 1979, a Organização Mundial de Saúde (OMS) da ONU tomou a decisão de indicar o tratamento com a acupuntura numa série de 43 doenças.




A palavra acupuntura deriva do latim (acus) agulha e punctura (punção). É um método terapêutico, que consiste na punção com pequenas e sólidas agulhas, em pontos específicos do corpo para melhorar a saúde, diminuir a dor ou modificar o estado geral do paciente.

No Ocidente a acupuntura já era conhecida pelos Portugueses por volta de 1650, no século XIX, cerca de 140 autores já haviam escrito sobre o assunto em livros franceses e alemães, mas só em 1930 começou em França a sua utilização concreta.

No período inicial do tratamento pela Acupuntura, os antepassados chineses curavam as enfermidades com agulhas de pedra denominadas Bian, Chan e Zhen.

Na época neolítica, além de agulhas de pedra artificialmente polidas, usavam-se também agulhas polidas de osso e de bambu como instrumentos para a acupuntura. Mais tarde com o desenvolvimento do cozimento de utensílios de barro, também foram utilizadas agulhas de barro, método utilizado em algumas regiões da China até á atualidade.

Com o advento da metalúrgica apareceram sucessivamente, agulhas de diferentes metais, por exemplo, as agulhas de ferro, prata e de ligas metálicas, hoje em dia as agulhas são se aço inoxidável muito finas e de fácil manejo. A metalúrgica não só proporcionou a base do material para a fabricação de agulhas metálicas, como proporcionou a possibilidade de fabricar instrumentos para a Acupuntura para diferentes usos. Á medida que foi aumentando e acumulando experiências no tratamento acupuntural, foram surgindo novas exigências no tocante ás formas de agulhas.


As “nove agulhas” da antiguidade eram fabricadas em nove formas distintas, segundo os diferentes usos, constituindo um símbolo do desenvolvimento das técnicas e teoria da Acupuntura. Em 1968, encontraram na tumba familiar de Liu Sheng e Jing de Zhongshan, da dinastia Han do Oeste (sec. II a.C), nove agulhas para Acupuntura, quatro em ouro e cinco em prata, foi a primeira vez que se descobriu agulhas de metal usadas nos tempos antigos.

As funções terapêuticas da Acupuntura resultam do estímulo de pontos especiais (pontos de acupuntura) e canais de energia, os pontos de acupuntura podem causar certas reações em outras regiões ou em algum órgão, de forma a obter resultados medicinais. Segundo a teoria da Medicina Tradicional Chinesa, os pontos podem transmitir a função e as mudanças dos órgãos do interior do corpo para a superfície e, ao mesmo tempo, comunicar os fatores exógenos da superfície até ao interior.


No princípio os pontos não possuíam locais determinados, nem nomes próprios, tão pouco eram os pontos atualmente conhecidos. A descoberta dos pontos tem muito a ver com o desenvolvimento do tratamento pela Acupuntura. Pouco a pouco, a localização e a função de cada ponto foram sendo definidas. Para facilitar a memorização das suas indicações, os pontos foram denominados segundo as características da região anatómica onde se encontra e a sua função em particular.


Por outro lado, através de constantes práticas clínicas, constatou-se que uma pessoa ao padecer de certa enfermidade, aparecem em determinadas áreas da pele ou em alguns pontos que se encontram em regiões diferentes, fenómenos anormais, tais como dor, distensão ou calor. Isto conduziu ao conhecimento do princípio da relação entre os pontos e as enfermidades e, por conseguinte, foi possível chegar ao diagnóstico por observação dos pontos de Acupuntura.




Na antiguidade, ao aplicarem o tratamento acupuntural, observou-se que sob determinado estimulo, as sensações de dor, intumescimento, distensão e peso no paciente estendia-se ao longo de uma determinada direção. Posteriormente notaram, que determinados pontos que se encontravam em diferentes áreas do corpo tinham as mesmas funções ou funções parecidas.


Sobre essa base de conhecimento, agruparam-se os pontos com funções similares ou relações intimas, chegando-se assim á “linha” e dela as concepções dos “canais e colaterais”. Com base na manipulação das agulhas mais de 20 tipos de combinações foram elaboradas e desenvolvidas e a ordenação de registos dos canais de Acupuntura e seus pontos assim como pontos extras foram documentados pelos médicos famosos dessas épocas.





Do estabelecimento da Dinastia Qing até á guerra do ópio (1644-1840) os doutores de medicina consideraram a medicina herbária como sendo superior á Acupuntura sendo esta durante muitas décadas negligenciada. No século XVIII, Wu Qian e os seus colaboradores por ordem imperial compilaram um livro exaustivo sobre Medicina Chinesa, contendo um capitulo de acupuntura com ilustrações, sendo imediatamente seguido de outro médico Li Xuechuán que enfatizava no seu livro a selecção de pontos de Acupuntura de acordo com a diferenciação de síndromes, sendo listados sistematicamente 361 pontos nos catorze canais de energia. Para além destes livros, havia muitas publicações, mas sem grande expressão.



Em 1822, as autoridades da Dinastia Qing declararam uma ordem para abolir permanentemente a Acupuntura do departamento da Faculdade de Medicina Imperial porque “A Acupunctura e a Moxibustão não são satisfatórias para serem aplicadas ao Imperador”.



Após a guerra do ópio em 1840, a China entrou em uma sociedade semifeudal e semicolonial. Com a revolução de 1911 e o fim da dinastia Qing o governo pró-ocidente instituído então, depreciou completamente a Medicina Tradicional Chinesa proibindo-a e tomando uma série de medidas para restringir o seu desenvolvimento incluindo a acupuntura.



Devido á grande necessidade de cuidados médicos do povo chinês, a acupuntura dessiminou-se entre as pessoas do povo. Muitos acupuntores fizeram esforços inflexíveis para proteger e desenvolver este grande legado médico, fundando associações de Acupuntura editando livros e promovendo cursos por correspondência para ensinar tal arte.




A Acupuntura ganhou nova vida assim como a Medicina Chinesa quando em Outubro de 1944 o presidente Mão fez um discurso apelando a reintegração da Medicina Tradicional Chinesa na área da saúde da nova China. Desde a fundação da Republica Popular da China, foi acelerada a propagação da Acupuntura e dos cuidados médicos tradicionais por todo país.



Nos anos 50 do século XX, a China ajudou a antiga União Soviética e outros países da Europa Oriental a formar acupuntores. Desde 1975 a pedido da Organização Mundial de Saúde, foram criados cursos de formação de Acupuntura Internacional em Beijing, Shangai e Nanjing para formar acupuntores de outros países. Mais de 120 países enviaram aí profissionais, para se especializarem. Atualmente o intercâmbio de organizações acadêmicas ocidentais com a associação médica chinesa é vasta e alargada a muitos países.

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