terça-feira, 2 de agosto de 2011 |
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Jiú (pinyin)
A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional
Chinesa. Baseia-se nos mesmos princípios e conhecimentos
dos meridianos de energia utilizados na acupuntura, sendo amplamente utilizada
em outros sistemas de Medicina Oriental tradicionais como: Japão, Coreia,
Vietname, Tibete e Mongólia. Esta prática, pela documentação antiga existente,
parece ser anterior á acupuntura.
Originou-se no
norte da china, moxabustão – Jiú (pinyin) significa literalmente, “longo tempo de aplicação do fogo”, sendo
considerada uma espécie de acupuntura térmica, feita pela combustão da erva Artemísia sinensis e
Artemísia vulgaris. A
cauterização, da qual deriva a moxa, foi um desenvolvimento que se seguiu ao
uso do fogo. Considerou-se que o aquecimento e a sensação de bem-estar que o
fogo propiciava á vida nas cavernas frias e húmidas, assim como as curas
furtivas que ocasionalmente aconteciam do toque de um carvão acesso ou pedaço
de lenha em brasa, foram os primórdios da cauterização.
A cauterização
como método de curar doenças usava originalmente ramos e outros materiais
combustíveis comuns. O uso de plantas como principal substância de combustão,
data do último período Chou. O livro de Mencios
(290 a.C.) refere-se a esta planta (artemísia) “para uma doença de sete anos, procure moxa
(artemísia) de três anos de idade)”. Isto sugere
que o seu uso já era difundido naquele tempo. Antigamente, praticava-se
geralmente o método de cauterização direta, aplicando-se o material combustível
diretamente sobre a pele. As instruções são encontradas no “Tratado Tradicional
de Zuo” (581 a.C.) “acima ou abaixo dos vitais, a cauterização direta
não pode ser usada”. Num outro
livro “O
livro dos segredos de Bian Que”, é mencionado
fazer-se moxa para as pessoas dormirem. O clássico de Medicina da Dinastia Han
Oriental “Discussão
das doenças causadas pelo frio”, também refere
as doenças para o qual a cauterização direta é permitida ou proibida.
Naquele tempo, o
tamanho da mecha ou cone de moxa era grande e para cada tratamento um grande
número de moxa era usado. Mais tarde, nas Dinastias Tang e Song, eram
prescritos mais de 100 cones de moxa. Durante as Dinastias Jin e Tang, foi
desenvolvido um método de cauterização indireta, no clássico “Receitas dos mil
ducados” vários métodos são discutidos, incluindo colocar
a moxa sob um folhado de outros materiais, tais como alho, feijão-soja, cera de
abelha, sal ou gengibre, e então queimá-la, no mesmo livro, é descrito um
método para tratar doenças auriculares através do qual um tubo de bambu vazio é
colocado no orelha e a moxa queimada na outra ponta. Este método era denominado
de cauterização com tubo ou cilindro e foi o percursor da técnica moderna do “cilindro aquecido”.
Outro método,
inventado na Dinastia Ming (1368-1332 d.C.) era
utilizar um ramo de árvore de pêssego ou de amora, que
era mergulhado em óleo de gergelim para ser aceso e apagado, então o bastão
aquecido era embrulhado com papel macio e era passado como um ferro sobre determinada
área da pele. Num desenvolvimento posterior, o pó de moxa seca triturada e
outras ervas eram enroladas juntas em bastão com forma de charuto, para ser
seguro em uma ponta e ser queimada na outra extremidade a uma pequena distância
da pele. Este método ainda é bastante praticado atualmente. Na Dinastia Song
(960-1279 d.C.) existem referências em livros médicos sobre cauterização
natural ou espontânea, por meio do uso de ervas conhecidas pelas suas
propriedades irritantes (ex: Rhus toxicodendron, emplastro de mostarda etc.),
que eram friccionadas sobre a pele, produzindo lesão tipo bolha.
O efeito da moxa
é semelhante á acupuntura, que age estimulando os pontos da acupuntura para fortalecer a
circulação do Qi (energia) e do sangue,
sendo que a moxa estimula com o calor. No capítulo 75 do Ling Shu está escrito “quando
o sangue nos vasos torna-se estagnante ou fica bloqueado, deve ser tratado
somente pelo fogo”. Esta e outras passagens descritos nos livros antigos,
ilustram bem as funções da moxa.
Num texto antigo
da Dinastia Tang “receitas dos mil
ducados” afirma “a pessoa que aplica
diariamente ao ponto Zusanli (E-36) estará livre de uma centena de doenças”,
e assim o faziam as pessoas nessas épocas principalmente se tinham de viajar
para outras localidades, para assim se protegerem das “energia perversas”
dessas localidades a que não estavam acostumadas.
O calor da moxabustão é extremamente penetrante, tornando-se eficaz
quando há menos circulação, condições frias e húmidas, além da deficiência do
Yang. Quando aplicada aos pontos de acupuntura específicos com deficiências do
Yang, o corpo absorve o calor recuperando mais rapidamente o Qi (energia) do Yang do corpo e o “fogo ministrial”
fonte de todo o calor e energia do corpo. As folhas frescas
da planta Artemísia são colhidas na primavera e expostas ao sol para secarem,
em seguida são trituradas, examinadas e filtradas para remoção de areia ou
talos mais grosseiros, posteriormente, posto de novo ao sol, repetindo-se este
processo até se obter a consistência desejada que é um pó fino, macio e claro.
A moxa a usar
diretamente sobre a pele (método direto) deve ser extremamente fina, para que
possa ser amassada e moldada com as mãos em minúsculos cones, firmes e que não
se devem desfazer, para o uso indireto (não encostar na pele) não é necessário
ser tão fina, esta é enrolada fortemente em papel especial de cerca de 15 cm de
comprimento, pode ser adicionado pó de outras plantas, formando-se então os
bastões ou “charutos” que servirão uma vez acessos numa extremidade para
aquecer os pontos ou áreas do corpo.
Uma técnica
muito utilizada na china atual é a moxa acesa, que serve para aquecer áreas
maiores do corpo e por tempo mais prolongado, a moxa é colocada num instrumento
próprio tubelar ou outros formatos com fundo de rede, ficando a seção de
combustão da moxa afastada da pele o calor é diretamente transmitido a esta. A moxabustão como em todas as terapias que se utilizam
instrumentos, dever-se-á ter alguns cuidados e precauções que qualquer
profissional conhece perfeitamente, algumas dessas precauções são: não aplicar
moxa em síndromes de calor com deficiência do Yin (ex: menopausa ou febre
alta); não produzir cicatrizes com moxa; não usar moxa na região lombosacra em
mulheres grávidas, e seguir sempre os princípios básicos de diagnóstico da MTC.
Como Curiosidade
A palavra moxabustão parece ser um termo que deriva do português antigo
Mechia e do Japonês Mogussa. Devemos recordar que os Jesuítas e os portugueses
tiveram influência em várias partes do Oriente, China, Japão, Malásia, Índia e
concretamente em várias partes da China e Japão, onde resultou que a palavra
mechia foi usada no lugar de Jiu, já que esta técnica lembra uma mecha a
queimar, e no Japão quando um francês estava a aprender a técnica ele ao
perguntar ao Japonês do que se tratava, este respondeu que era mogussa uma erva
usada pelos Japoneses no lugar da Artemísia vulgaris. O Francês não entendia o
Japonês, tentou dar-lhe um nome em francês, bustion,
daí o termo ter-se propagado como Moxabustão que é a soma de mochia + bustion.
Atualmente o Japão é o maior produtor de Moxa.
Livro para baixar (É
só clicar no ícone no alto da tela – lado esquerdo; e salvar):
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