A Auriculopuntura ou Acupuntura auricular é uma especialidade da Acupuntura que tem como
foco do tratamento no pavilhão auricular. Existem mais de 200 pontos de
Acupuntura na orelha (depende dos mapas). Não confundir esta prática com a Auriculoterapia, técnica da Reflexoterapia
desenvolvida por Paul Nogier no século XX.
No Brasil por
exemplo, existem diversos terapeutas que empregam ambas as técnicas. Os
princípios da Auriculopuntura
são associados aos conhecimentos que fundamentam a
prática da medicina
tradicional chinesa: o estudo dos
meridianos de energia; a teoria de Yin/Yang; a Teoria dos Cinco Elementos; e a
Teoria dos Órgãos Zang/Fu.
O tratamento na
Acupuntura foca na orelha as diversas regiões ou pontos que podem ser
estimuladas de diversas maneiras, como através de agulhas colocadas por 20 a 30
minutos, ou pequenas agulhas semi-permanentes que podem permanecer por até 5
dias.
A auriculoterapia é um sistema independente da acupuntura e
especialidade dentro da Medicina Chinesa. A aplicação atual da auriculoterapia não se
restringe apenas ao tratamento das enfermidades através dos pontos auriculares,
este sistema tem-se desenvolvido em relação ao diagnóstico em muitas
patologias. Através da auriculoterapia podem ser tratadas cerca de 200
enfermidades, entre as quais estão: enfermidades de caráter funcional, enfermidades
de caráter neurótico e psicótico.
É uma terapia complementar
baseada nos princípios da Medicina Tradicional Chinesa, que procura harmonizar as funções dos orgãos por
meio de estímulos de pontos distribuidos no pavilhão auricular.
Esta técnica é
realizada através da manipulação da semente de mostarda, que estimula um ponto
específico na orelha com o objetivo terapêutico. Existem cerca de 130 pontos no
pavilhão auricular.
Algumas das
patologias que podem ser tratadas com a Auriculoterapia
são : dores na coluna, TPM, depressão, stress, gastrite, alterações digestivas
e respiratórias, cefaleias, neurastenia, insônia, dor e etc. .
Quais são os limites da Auriculoterapia?
A auriculoterapia não é capaz de curar as doenças
orgânicas, mas pode ser usada em caso de perturbações
funcionais e de dores. É oportuno recordar que - como para outras medicinas
naturais - muitos atribuem os seus efeitos a mecanismos de auto-sugestão e à
indução do relaxamento.
Como se pratica a Auriculoterapia?
Só uma
identificação preventiva da perturbação permite utilizar o mapa da orelha com
uma cognição de causa.
O
auriculoterapeuta pode descobrir as zonas dolorosas da orelha através de
palpação ou servindo-se de um aparelho elétrico para procurar os pontos sensíveis,
e deste exame, obtém indicações úteis para a localização de eventuais doenças e
para formulação do diagnóstico.
Visto que a
forma da orelha é semelhante à de um feto de cabeça para baixo, a determinação
da correspondência entre os pontos auriculares e as partes do corpo é efectuada
baseando-se nesta analogia: o lobo, por exemplo, representa a cabeça.
Terapia
Uma vez
identificada a perturbação e os pontos auriculares correspondentes, o terapeuta
executa uma desinfecção cuidadosa da orelha; em seguida, introduz uma agulha de
ouro, de prata ou de um outro metal precioso até uma profundidade de cerca de
2mm no ponto pré-fixado, sobre o qual se pode intervir também mediante ímanes,
correntes eléctricas e massagens auriculares.
Inicialmente, as
agulhas devem permanecer enfiadas por cerca de 8 minutos, mas este tempo deve
ser reduzido se o paciente se revela particularmente sensível.
Na maior parte
dos casos, é necessário prever pelo menos cinco sessões, que devem ser
realizadas a intervalos de poucos dias uma da outra e que prevêem a aplicação
de três a seis agulhas.
A auriculoterapia é provavelmente um dos mais antigos métodos
terapêuticos praticados na china. Este microsistema já era referido nos textos
antigos como o Huang Ti Nei Jing,
onde se relata a estreita relação do pavilhão auricular com o resto do corpo.
Em 1973,
antropólogos chineses, encontraram nas escavações realizadas na província de Hu
Nan, um livro antigo do período Han, escrito em duas partes intituladas “Os onze canais dos
braços e das pernas na moxibustão e os onze canais Yin e Yang na moxibustão”. Segundo os especialistas esta obra deve ser a
mais antiga sobre os canais no tratamento com moxibustão, na 2ª parte do livro
menciona-se “Os
membros, os olhos, a face e a garganta, todas reúnem-se, através de vasos e
canais, na orelha”. Outros livros
antigos da Dinastia Tang e Ming, também mencionam o uso de pontos na orelha
para o tratamento de diversas enfermidades.
Mais
recentemente em 1947, o Dr. P. Nogier
(francês), publicou alguns trabalhos nos quais expõe a relação existente entre
o pavilhão auricular e o resto do organismo, descrevendo inclusivamente, as
experiências realizadas com clientes e os ótimos resultados obtidos. Ao que se
sabe, ele partiu da observação dos povos do mediterrâneo, que tinham por hábito
o uso de pequenas cauterizações na orelha para o tratamento de várias
moléstias, conseguindo descobrir uma série de pontos curativos. Ao estudar
esses pontos estabeleceu uma ligação entre a posição destes no pavilhão
auricular e aquela ocupada pelo feto pouco antes do nascimento. Estes trabalhos
do Dr. Nogier foram publicados em
jornais de Xangai levando os chineses a acelerarem as investigações sobre esta
área, criando vários centros de investigação por toda a China.
Desde a década
de 80 do século XX até á atualidade foram feitos progressos enormes na auriculoterapia quando em 1982 foi fundado na China o Grupo
Nacional de Trabalho em Auriculoterapia.
Em Outubro de
1989, celebrou-se em Pequim (Beijing) o primeiro congresso Internacional de Auriculoterapia, o qual marcou uma nova etapa no desenvolvimento
tanto na China como no Mundo da Auriculoterapia.
Neste momento, a
Auriculoterapia constitui uma especialidade Universitária, motivo
de estudo tanto de médicos formados em Medicina Chinesa como Ocidental. Muitas
têm sido as publicações que têm saído sobre a auriculoterapia aumentando cada
vez mais o acumular de conhecimentos. O grupo de investigações sobre auriculoterapia da província de Yun Nan, editou um livro
intitulado “Tratado
de Auriculoterapia Chinesa”. Uma editora de
Shangai publicou os livros “O tratamento com auriculoterapia” e “Seleção de auriculoterapia”.
Na província da Nan Jing publicou-se o livro “Aplicação clínica da Auriculoterapia”. O hospital de Medicina Tradicional da província
de Guang Zhou editou o livro “Experiência Clínica da Auriculoterapia”. Na província de Tian Jing também se publicou o
livro com o título “Experiências
sobre o uso e diagnostico dos pontos Auriculares”.
Em Pequim (Beijing), editou-se o livro “Manual sobre Aplicação Diagnostica e Terapêutica
dos Pontos Auriculares”. Na província
de Au Hui, o livro “Tratado
Aclaratório sobre Auriculo-puntura”. Em 1991 a
professora Huang Li Chun editou em
Beijing um dos tratados mais importantes de auriculoterapia publicados na
China, com o título “Tratado sobre o Diagnóstico e Tratamento através
dos Pontos Auriculares”. Estes títulos
de livros são uma pálida amostra do vertiginoso desenvolvimento que tem
alcançado a auriculoterapia nos últimos 30 anos dentro da China.
A auriculoterapia tem constituído a sua própria teoria, por ter na
atualidade, métodos independentes para o diagnóstico e tratamento das
enfermidades. Os pontos auriculares funcionam como uma memória do histórico
patológico das pessoas, por isso o diagnóstico através destes, fornece-nos o
desenvolvimento cronológico das enfermidades e a preparação para processos
patológicos que ainda não se manifestaram clinicamente.
O diagnóstico da
auriculoterapia tem valor hoje semiológico muito próximo do
diagnóstico através do pulso e da observação da língua na MTC.
O pavilhão
auricular é considerado uma parte muito importante do corpo humano, por
constituir um microsistema, capaz de funcionar como um receptor de sinais de
alta especificidade, podendo refletir todas as mudanças fisiológicas dos órgãos
e vísceras, dos quatro membros, do tronco, dos tecidos, etc. Quando produz-se
uma desarmonia em qualquer parte do corpo humano, este é refletido na orelha
com reações de caráter e localidades diferentes, específicos a cada enfermidade
em particular, e deixando relações muito estreitas entre os locais reativos e
as partes do organismo implicadas na patologia. As reações podem ser de
diferentes tipos, entre as mais comuns são: mudanças na resistência elétrica
das zonas reativas específicas, mudanças de coloração, descamações, mudanças
morfológicas nessas áreas, eczemas, etc. Todas estas reacções podem aparecer no
pavilhão auricular, antes que a enfermidade se manifeste e também, desaparecer
depois da cura da enfermidade.
O método de
tratamento em auriculoterapia tem tido muito desenvolvimento durante estes
últimos anos, desde as tradicionais agulhas de acupunctura de dimensões
relativamente pequenas e muito finas, ás agulhas intra-dérmicas, á utilização
do laser, passando pelas esferas magnéticas e moxabustão até á prática mais
utilizada na China que é a colocação de pequenas sementes com adesivo
demonstraram resultados excelentes, e são utilizados em conformidade com a necessidade
do paciente, pois cada organismo reage de uma forma determinada ao estímulo,
cada pessoa é um universo único, todo o tratamento pela auriculoterapia tem como objecto promover o equilíbrio do paciente
e assim o seu bem-estar. A auriculoterapia
é especialmente indicada quando se necessita que o paciente leve o tratamento
para casa, podendo o paciente pressionar as esferas ou semente colocadas nos
pontos auriculares, estimulando por pressão e efetivando continuamente o
tratamento.